quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Mesmo sem querer

O medo de sentir medo é terrível. O medo de sentir medo trava, assusta, sufoca, machuca, embaça, faz perder o ar, o fôlego, a sanidade. Te tira a leveza, o bom humor e é bem pior do que o medo de não ter coragem. Afinal, como disse Mark Twain, "coragem é resistência ao medo, domínio do medo, não ausência do medo".

O medo de sentir medo paralisa o corpo, a alma e a mente. O medo de sentir medo limita, queimas as pontes, diminui as opções, te leva pra um caminho contrário simplismente porque arriscar pode ser...arriscado demais. O medo de sentir medo te impõe interpretações forçadas, te confunde, troca as letras e as coisas de lugar.

O medo de sentir medo te leva a lugares que você, fatalmente já conhece e sabe que não são bons. E pior ainda...te impede de chegar a lugares em que você sabe que poderia ser mais feliz ou uma pessoa melhor.

O medo de sentir medo é tão cruel que me fez até mesmo adiar essas palavras o quanto eu pude com medo do que eu poderia ler no final delas. Medo de como eu poderia me sentir, medo de como eu iria me comportar, medo, afinal, de sentir medo.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Completa

Sentir a alma plena, completa. Acho que é isso que venho buscando tanto, com tanta dedicação. Dedidcação e uma confusão que consome a minha mente. Sentir, definitivamente, que já não falta mais nada que possa preencher um mundo que é só meu. Buraquinhos que só eu sei que existem no meu peito.

Vazios incapazes de serem completos com o conforto do tempo, com palavras de acalanto, com dias de esperança. Vazios que entristecem e que se estivessem cheios poderiam, mesmo confundindo, trazer satisfação e um pedacinho de felicidade. Dúvidas que insistem em se refazer, em continuar aqui dentro, em criar novas dúvidas. Dúvidas que têm respostas tão claras que chegam a se transformar em novas dúvidas.

Lacunas que se completam e se esvaziam diariamente. Se completam com as minhas tentativas de completá-las e de excluí-las. Mas se esvaziam com a minha certeza de que ainda falta alguma coisa, de que que não é aquele preenchimento que eu estou buscando, certeza de que há algo fora do lugar, certeza da iminência de tanta ilusão. Lacunas que me impedem de buscar aquilo que mais do que ser o que quero é aquilo que eu preciso e que, indiscutivelmente, me fará melhor.

Sinto faltas que me fazem acreditar que eu poderia seguir por outro caminho. Caminho que, mesmo que seja mais difícil, acalma, conforta, alegra...confunde, tira do sério, leva a razão embora. São faltas que ao serem supridas trazem momentâneos brilhos nos olhos, sorrisos inexplicáveis, misteriosos frios na barriga, rápidas sensações de saciedade. Sentimentos que maqueiam suas reais necessidades e as trilhas para os caminhos mais seguros.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Mudar de canal

Ando querendo abaixar o volume, mudar de canal. Antes pudéssemos abaixar o volume do que nos soa mal aos ouvidos. Antes fosse possível mudar de canal e trocar cenas que insistem em permanecer, em se repetir, cenas que insistem em ser as mesmas todos os dias.

Ando querendo regulhar melhor o brilho, o contraste e as cores dos meus dias. Ando querendo sintonizar outros canais e cancelar aqueles que não já fazem o menor sentido pra mim. Ando querendo mudar a trilha sonora, as deixas, as vinhetas.

Ando querendo reformular todinha a programação do que vem daqui pra frente. Quero trazer de volta os clássicos e os velhos de casa para o horário nobre novamente. Ando querendo excluir novas apostas que não trouxeram bons resultados.

Ando querendo fazer mais novas e luminosas chamadas para os próximos capítulos. Ando querendo investir na produção, nos bastidores, naquilo em que ninguém vê...e também se visse, qual seria a magia, não?! Algo tão coadjuvante e tão essencial.

Ando querendo investir em estrutura, firmeza e estabilidade. As desventuras são perigosas, não trazem bons resultados e queimam bons rolos de filme. É preciso chegar e se manter. É preciso saber pra onde se vai e ir com cuidado. É preciso se manter estável, em alta, com uma boa audiência boa.

domingo, 3 de julho de 2011

399 anos!

399 anos. Não, não. 427...é...427 anos definitivamente. A gente vive tentando se lembrar de como começamos isso...a febre se esforça, pensa, tenta, tenta e não consegue. Mas também né...o que importa? O que importa é onde a gente tá hoje e o que queremos pra amanhã.

Acho que as melhores pessoas que estão na nossa vida chegam por acaso, por acidente, sem motivos aparentes. E o melhor, chegam sem pretensões, sem previsões, sem expectativas. Pronta pra olhar pra você e dizer: cara, sou sua amiga! Não esquece que eu tô aqui pra você, por você e com você...sempre.

Essas são pessoas que escolhemos pra ficar pra sempre na vida da gente. São pessoas que nem mesmo percebemos que escolhemos, são pessoas que nem mesmo sabemos se também te escolheram. São pessoas que, mesmo que nos escolham, não somos capazes de perceber por conta da naturalidade de como as coisas acontecem.

Há pessoas que já estavam no seu coração, de uma maneira ou de outra, há pessoas que já estavam na sua vida, só demoraram um pouco mais pra aparecer. Há pessoas para as quais o amor, o carinho, a dedicação e amizade são parte do cotidiano, são naturais.

E pelos 399 anos, ou melhor, 427, eu te entendo, te ouço e cumpro a promessa que fiz de que vou estar do seu lado sempre. Amo amo!!

** Mongol 800 - Chiisana Ko no Uta **



Afinal, a gente AMA essa música!! ;D

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Quando já não tem espaço

Você já teve a sensação de ter que comprimir sua alma pra caber apertadinha dentro do seu peito? Ter que acomodar dentro de um espaço tão pequeno aquilo que é tão grande? Ter que impor fronteiras a sentimentos que são ilimitados? Ter que tirar o velho pra colocar o novo mesmo que o antes fosse melhor do que o agora? Ter que fazer caber aquilo que não se quer, aquilo que te sufoca, aquilo que te faz pequena, aquilo que não cabem em lugar algum que não seja o seu coração.

Falta espaço, falta fôlego, faltam caixas suficientes para guardar aquela tranqueira toda que você carrega e que é importante pra você, mesmo sendo tão pesada. Falta espaço pro novo, mesmo ainda que, vez ou outra, ele possa ser melhor do que o velho.

Faltam prateleiras, gavetas e portas que sejam grandes e funcionais o bastante para organizar tudo aquilo que você precisa sentir...sentir dia a dia...pouco a pouco...até acabar e ir embora sozinho. Sem parecer que você está leiloando seus sentimentos.

Falta coragem de entregar pro mundo aquilo que te fez bem por tanto tempo. Aquilo que lhe era seguro, que lhe era reconfortante. Aquilo com que você já sabe lidar, aquilo diante de como você já sabe como deve agir. Aquilo que não te exige nenhum risco, nenhuma tentativa nova.

Por isso, falta espaço também para colocar assustadores e excitantes novidades, decisões, novos meios de vida, esperanças de boas novas lembranças. Falta espaço pra coragem, pra ousadia.

Falta espaço para caber dentro de si tanta intensidade, tanta vivacidade, tanto riso e tanto choro. Tanto medo e tanta vontade de tentar. Falta espaço para fazer caber dentro de si o desejo de enfrentar, que assusta tanto, aquilo tudo que não cabe no peito.

"Quando já não tinha espaço pequena fui...quando a vida me cabia apertada. Em um canto qualquer acomodei minha andança e meus traços de chuva..."

** Quando fui chuva, Maria Gadu **


domingo, 26 de junho de 2011

Os velhos hábitos e as novas manias...

Ando pensando muito nas minhas novas manias e nos meus velhos hábitos. Nas minhas novas paixões e nos meus antigos amores. Nos meus velhos amigos e nos meus novos colegas. Ou até mesmo em novos colegas que eu sei que se tornarão velhos amigos. Na moda que eu uso hoje e no meu estilo original. Na cor em que escolhi e na cor que meus pais fizeram para o meu cabelo. Nos meus interesses esquecidos e naquilo que me completa hoje. Nas minhas características japonesas e na minha origem portuguesa. Nas personalidades em que venho assumindo nos últimos 25 anos e na minha essência mais verdadeira e original.

Ando pensando que em há fases na vida em que o ser humano precisa se refazer, se reconstruir e readaptar para viver novas realidades, novos momentos, dia após dia. Porém, mais ainda acredito que existem fases onde é preciso voltar para aquilo que é seu e retomar os seus itens originais de fábrica. E não, não se trata de saudosismo e tão pouco de achar que evoluir não faz parte de um processo de aprendizado e crescimento. Mas, acredito que somos capazes de mudar tanto que passamos a colocar em uma pasta daquelas sanfonadas nossa essência divida por categorias e substituí-las aos poucos quando poderíamos, na verdade completá-las. Completá-las de forma que elas continuassem ali, o tempo todo nos lembrando de que um dia sonhamos em ser bailarinas, astronautas ou atriz/modelo/manequim. Nos lembrando de como o beijo na boca dava um imenso frio na barriga, como a primeira vez era algo marcante, como as músicas que ouvíamos nos diziam, de fato, alguma coisa...mesmo que alguma coisa ruim ou somente engraçada.

Essas nossas categorias deveriam ficar ali, como em uma cristaleira, como taças e xícaras que você só usa quando chega uma visita na sua casa, sabe!? E mesmo você usando pouco, o importante é saber que as tem e que elas estão ali...deixando a sua sala mais bonita e elegante. Afinal, se estão na cristaleira é porque são frágeis e não foram feitas para serem usadas no dia a dia.

Acredito nisso. Acredito que ocasiões especiais podem sim ser marcadas por aquilo que já te faz feliz, que já te fez bem, que te fez chorar de emoção, que te fez dançar de uma forma engraçada e que te fez usar um corte de cabelo que hoje pode ser vergonhoso. Acredito em honrar aquilo que já se foi.

Não defendo a ideia de sermos definitivos, mas aposto nessa coisa toda de trazer de volta os antigos hábitos se os novos não se estão te fazendo bem, em pensar em sentimentos que ainda existem mas que possam estar em um lugar de menos destaque quando merecem estar em primeiro plano, em ouvir como estão seus velhos amigos, em viver com mais intensidade seus antigos amores sabendo que eles são mais consistentes e confortantes do que novas paixões. Aposto em voltar sempre às suas origens, mesmo não sabendo qual é ela exatamente.

E mesmo as suas novas características te completando tão incrivelmente, sua origem, inevitavelmente fala mais alto, a sua origem é responsável pelo sangue que te deu a vida, que formou a sua essência. E essa essência é sim constante e definitiva. E te define, mesmo que o seu comportamento mude e a cor do seu cabelo também.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O clichê das aparências

Ter 1,50m, uns quilinhos a mais, bochechas cor-de-rosa e um sorriso quase constante faz com que as pessoas tenham duas imagens de você: ou que você é de ferro e aguenta qualquer coisa ou que não é capaz de suportar coisa alguma como ela é de fato. Acredito que a primeira opção seja pelo sorriso que, entendam é QUASE sempre constante, e a segunda pelas bochechas cor-de-rosa, as quais eu cultivo desde que nasci.

Apesar de ter convivido com isso na minha vida toda, nunca me permiti muito que as pessoas me poupassem de coisas que eu deveria passar ou que eu poderia saber. Assumi essa postura quando, muito cedo, tive de encarar aquilo que a vida não podia me poupar ou pular quando chegava a minha vez. Foi quando aprendi a me fortalecer diante daquilo que eu não podia mudar, quando aprendi que eu podia chorar frente aquilo que me decepcionava ou me fazia sofrer. E eu chorava, e ainda chora, mesmo me sentindo humilhada e diminuída por parecer fraca, mesmo não sendo.

Demorei a me tornar uma pessoa otimista, capaz de enxergar naquilo que te dói uma lição, mesmo que sofrida, uma lição. Porém, sempre fui consciente o bastante para entender que a dor faz do crescimento e, principalmente, do entendimento instrumentos para se passar por aquilo que lhe parece eterno e sem solução. Aos poucos, você percebe que não passam, dia a dia, somente horas, minutos, segundos...passam pessoas, memórias, lembranças, sonhos, expectativas. Mas, passam para que possam dar lugar outros, aos novinhos em folha.

Sempre fui adepta do sentir com intensidade aquilo que assola o coração, seja algo bom ou ruim. Aprendi que é só esse o remédio para tirar de dentro de você aquilo que está lá há tanto tempo que já parece fazer parte de você, mesmo sendo algo que te faz mal, que te assombra, que te cansa. É preciso sentir o quanto for para dar espaço para algo que te faça bem, que te ajude a superar.

Que melhor maneira de se saber alocar e classificar seus sentiimentos do que permitindo que outros entrem no seu coração?

terça-feira, 7 de junho de 2011

As palavras que eu já escrevi

Eu nunca fui muito boa com mudanças. Nunca fui muito boa em deixar pra trás os amigos da escola, as paredes de uma casa, as roupas furadas, os sapatos apertados, a textura das pontas dos dedos durinhos da minha vó fazendo carinho no meu cabelo e os sentimentos que ficavam pra trás com todas essas coisas. Nunca fui boa em me desprender de memórias, fossem elas boas ou ruins.

Nunca fui boa em deixar pra trás aquilo que eu queria levar pra sempre comigo, mesmo que me fizesse mal, mesmo que fosse uma daquelas lembranças que sufocam, um daqueles sentimentos que nunca você gostaria de ter sentido.

Nunca fui boa em entender essa coisa de presente se chamar presente. Sempre fui uma adepta convicta de que somos o resultado daquilo que já vivemos ou até mesmo daquilo que gostaríamos de ter vivido.

Nunca fui boa em lidar com a crueldade da minha memória tão presente e tão vívida sempre. Nunca fui boa em selecionar bons ou maus momentos. Nunca fui ao menos capaz de me dar o trabalho de esquecer de coisas que apertaram tão fortemente meu coração. Mas, ainda assim, fui capaz de aliviá-lo perdoando aquilo que era preciso.

Nunca fui boa, por outro lado, em perdoar a mim mesma por coisas que fiz ou que não fiz. Nunca fui boa em perdoar meus sentimentos mais errados, minhas impressões precipitadas, minhas decepções anunciadas, meus julgamentos errados, meus erros que parecem tão estúpidos agora.

Nunca fui boa em deixar pra lá os momentos em que eu chorei quando deveria segurar as lágrimas até estar embaixo do chuveiro, sozinha, entendendo o porquê daquilo tudo. Nunca fui boa em deixar passar em branco os momentos em que os acessos de riso foram inadiáveis, mesmo sem motivos aparentes. Rir sem saber do que se está rindo é uma das melhores lembranças que tenho.

Nunca fui boa em guardar em uma caixa no fundo de um armário os meus frios na barriga, minhas mãos hora geladas; hora suadas, as vergonhas, os medos, as ansiedades, as expectativas, as bochechas mais vermelhas do que o normal.

Hoje, diante de tantas mudanças e frente a decisões tão definitivas em um momento que às vezes parece tão cedo acho bom não ter sido tão boa em tantas coisas. Agradeço a crueldade e o espaço tão indefinido da minha memória. Foi isso que fez de mim essa mistura das coisas que já vivi, da importância de cada pedacinho desses 9283 dias em que passei cultivando as palavras que eu já escrevi.

domingo, 22 de maio de 2011

"Não enxergo, mas me sinto..."

A sensação de nunca se sentir boa o bastante é uma tortura. É matar um leão por dia, é lidar com os demônios que estão dentro de você, batalhando insistentemente pra te provar que pode não ser só uma sensação, mas uma possível verdade doída, uma solidão que aterroriza. Por outro lado, pode ser um sinal de que se é boa o bastante, o bastante que baste pra você...e pra mais ninguém.

Detesto escrever como se estivesse com dó de mim. Mas é só escrevendo, como já disse tantas vezes nesse meu cantinho, que consigo me enxergar de fora, fazer uma avaliação, tomar decisões, pensar com clareza na bagunça que ronda meu cérebro nesses últimos meses. E mais ainda, consigo ver da maneira real se, afinal, sou boa ou não o bastante para aquilo que me importa de verdade.

Certa vez, Martha Medeiros disse "meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem, a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição que ainda não sei. Meu mundo se resume ao encontro do que é terra e fogo dentro de mim, onde não me enxergo, mas me sinto".

O que me faz escrever essas palavras é justamente essa dúvida que insiste em ficar aqui, me chamando pra uma realidade que parece tão distante pra mim. É esse confronto de ir e ficar, rir e de chorar, de manter e de soltar. É esse temor de qualquer passo poder ser em falso, de qualquer atitude de bem ser em vão, de a qualquer momento perder o chão. O embate chega a ser tão intenso que diante das minhas rimas e da minha inconstância toda não sei se sou mais Martha ou mais Camões. E o que é melhor?!

Busco sentimentos e momentos que nem sei mais onde procurar, busco palavras que não sei de quem eu quero ouvir, busco canções que nem sei se já foram produzidas, busco palavras que nem sei se já foram inscritas. Busco, irritante e incessantemente, uma reposta pra essa coisa chata de ser ou não boa ou bastante. Uma resposta pra essa pergunta que em insiste em querer saber de mim se eu já acho que me encaixo.

** Paul McCartney - Eleanor Rigby **

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Aquilo que é simples

Eu tenho tanta coisa guardada dentro de mim que não saberia dizer tudo nas palavras que conheço. Quando penso, repenso e volto a pensar ouço música e as coisas começam a fluir dentro de mim, como mágica. A música me ajuda a pensar de forma mais clara, a ver as coisas com mais transparência. Sempre fui adepta das coisas simples, até porque eu mesma não sou nem um tantinho assim simples. E pra mim, a música simplifica as coisas, torna tudo mais leve.

Em dias assim, as músicas simples são minhas preferidas. De instrumentos diferentes, de acordes simples e de letras singelas. Em dias assim, ouço a mesma música um milhão e meio de vezes até que tudo aquilo que eu sinto saia e se faça possível em palavras ou até mesmo voz para alguém que queira saber do que se trata.

Em dias assim, demoro a acertar o tom, a harmonia. Em dias assim, não há ritmos definidos ou bandas que se sobresaiam a outras. Em dias assim, preciso testar várias canções até achar aquela que acho que será capaz de traduzir as confusões do momento. E em dias assim, mais uma vez, só procuro pela simplicidade, só procuro por músicas que se fica assoviando o dia todo, no momento que for.

Em dias assim, que são como o dia de hoje, gosto de músicas que me digam algo como "i dont know to say goodbye to you...im not at things that i dont want to do...", ou qualquer coisa como "Meu amor essa é a última oração...Pra salvar seu coração...Coração não é tão simples quanto pensa...Nele cabe o que não cabe na dispensa". Enfim, palavras simples que dizem coisas complexas, que dizem coisas complexas de um jeito simples. Em dias assim, o fone de ouvido não sai de perto das minhas orelhas.

Oração - A Banda Mais Bonita da Cidade

A música mais simples e mais incrível que eu já ouvi.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Defeitos que sustentam meu edifício

"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro", disse Clarice Lispector. Eu nunca fui boa em dividir coisas, simplificá-las e senti-las menos intensamente. Acho que estes são os defeitos que sustentam o meu edifício. São três defeitos que se resumem na minha insitência de se entregar às pessoas, às situações, aos meus sentimentos e a esses meus próprios defeitos.

São defeitos que as vezes os tenho como qualidade, pois são eles que me dão o frio na barriga, o medo do medo e a coragem para ter coragem. São eles que me mostram que às vezes é preciso segurar aquilo que queremos, segurar com todo o seu medo de perder, e entender que, querendo ou não, sendo egoísta ou não, divisão pode ser subtração. Eles mostram também que simplificar as coisas ou tentar simplificar pode resultar em dificuldade, ou, se eu pudesse criar uma palavra, dificultação.

Esses meus defeitos, ao mesmo tempo, me mostram que a divisão pode ser multiplicação, que simplificar as vivências pode resultar em tirar de dentro de si aquilo que não te faz bem. E me mostram ainda que ser intensa é o que faz com que a sua vida não seja uma simples paisagem diante dos seus olhos.

Esses mesmos defeitos são os responsáveis por levar minha sanidade pra bem longe de mim e manter os meus pés o mais longe possível do chão. E isso me faz pensar seguidas vezes em cortar essas características do meu cardápio. Mas, depois de pensar tantas vezes nisso tudo penso que sem esses defeitos essa não seria eu.

Passei, portanto, a admitir a intensidade, o ciúme tantas vezes descabido e não permitido, porém sempre controlado e quase que imperceptível que me faz não saber dividir aquilo que, às vezes, nem é meu, e passei a admitir também que tanto não sei simplificar as coisas que me confundo toda ao falar de mim mesma, ou daquilo que eu sinto. Passei, portanto, a admitir os defeitos que sustentam meu edifício.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Era muito melhor...


Era bem mais divertido ser criança antigamente. Alguém cantar "gorda, baleia, saco de areia" era uma parte de sua vida escolar e não bullying. Escutar isso não fazia de você um atirador, mas só um gordinho engraçado. Daqueles em que as máscaras de flor da chegada da primavera não cabem nos rostinhos e os uniformes são tamanho 16 quando se tem 10 anos.

A comida era a mesma, porém menos mortal do que se julga hoje. Pô, a gente molhava um pirulito no açúcar antes de chupar. Alô você que amava um Dip Link. A gente comia algodão doce e só ficava com a boca grudando e não entrava pra índice de obsesidade infantil.

Ouvir Xuxa não fazia de você um otário entre as outras crianças. Isso porque elas ouviam Mara Maravilha, Angélica ou Trem da Alegria. Criança ouvia e cantavam “e todos gritam pega, estica e puxa... e viva a festa da Xuxa”. Hoje essas palavras são só usadas em letras de funk, inclusive a palavra Xuxa. Crianças não choravam amores perdidos, corações partidos e nem desilusões.

Crianças iam pra escola de uniforme, não de microshorts jeans, chapinha no cabelo e havaianas. Massa mesmo era usar tênis de luzinhas e ver quem fazia piscar mais tempo pisando mais forte. Os meninos usavam cuecas do He-Man (me lembro dessa do meu irmão), mas não queria mostrá-la pra todo mundo e não ficavam com a calça no meio da bunda. Usávamos calças de moletom, conjuntinhos e eventualmente uma calça jeans daquelas com elásticos na parte de trás da cintura, pra te envergonhar nas fotos que você vê hoje.

Usávamos rabo de cavalo, trança, maria chiquinha e nenhuma maquiagem, só as bochechas naturalmente rosadas. Minto, usávamos maquiagem sim...nas festas juninas, pintinhas feitas de lápis de olho. E os meninos?! Eles nem conheciam pentes! Hoje, eles querem é chapinhas mesmo! Hoje essa molecada só quer jeans colorido, óculos maiores que as caras, bonés em cima das orelhas com a aba reta, delineador escorrido e cabelo esticado na testa.

Comíamos arroz, feijão, bife e batata bem frita e estamos vivos até hoje. Não tinha essa de arroz integral, carne branca e escambal.

Não diziamos ao cara mais gato da escola, que ele era O cara por tweet, scrap ou mensagens no Face! O bom mesmo era escrever cartinhas,caprichar na letra, fazer coraçãozinho e ser bem brega. Era “bom” até vê-los rindo com os amigos, rasgando as cartinhas e sentir o coração quebrando.

Não fazíamos bico e nem tirávamos foto em frente ao espelho querendo ter 15 anos a mais. Não íamos em balada., íamos nas matinês de domingo e nas festas de aniversário, e o ápice da noite (que terminava no máximo ás 22h) era a hora da salada mista.

Tomávamos coquetel de frutas...sem álcool. Nada de vodka, nada de “breja", nada de ficar de porre, nada de experimentar o que não era da nossa hora. Não pegávamos, paquerávamos e ficávamos quando dávamos aquela sorte. Não se saia por aí colocando a língua em qualquer lugar. E digo sorte porque sempre fui a gordinha da turma, mas dei a sorte de conversar com caras bacanas que viram além disso. E sim, as gordinhas eram achincalhadas e excluídas, o que digo novamente, não fez de mim uma “tiros em Columbine”.

Mãe era mãe, pai era pai, e não véio, véia, a chata,o insuportável. Não se tinha a opção de ir ou não almoçar na casa dos seus avós aos domingos, se acompanhava os pais e pronto,mesmo que fosse naquele bingo beneficente.

Não tínhamos vergonha de bexigas em festas de aniversário...festas que aconteciam no seu quintal ou no salão de festa do seu prédio. Não queríamos fazer a festa num baile funk, com DJ e um bartender.

E o melhor de tudo é que, apesar de termos sido, não queríamos ser iguais uns aos outros. Não queríamos ser repetidos, não tínhamos pressa de ser o que não éramos.

domingo, 8 de maio de 2011

Resolvi que...

Não pensar em nada te faz pensar em um milhão de coisas. Debaixo de um céu com pouco mais de quatro nuvens, no início destas palavras, vi como as coisas podem se desprender, se transformar...e mais facilmente do que se imagina e se teme.

Com este mesmo céu em cima de mim, numa tarde de outono em um domingo, depois de um almoço de Dia das Mães, resolvi que não quero mais um monte de coisas. Resolvi que não ouço mais Sara Bareilles, nem Strokes, Travis, Angus and Julia Stone, Coldplay ou Los Hermanos. Passei a desgostar mais de Angra do que o normal. Passei a apostar mais na minha playlist de U2, música mineira, Beatles, Aerosmith, Bon Jovi e Eliza Dolittle. E ainda preciso revisitar o Ira, o Biquini e os Engenheiros.

Não quero mais pintar as unhas de vermelho Vanguarda, não como mais Sonho de Valsa, Batom ou Ouro Branco. Não chamo mais bolacha de biscoito, não saio mais pra comprar frutas depois do almoço e o meu não gostar de leite aumentou.

Resolvi que o meu prazo para The Regulators, de Stephen King, termina na próxima segunda-feira, dia 16 de maio, quando imeadiatamente e mais do que depressa já será a vez de Crônicas de Nárnia, volume único.

Decidi que não quero mais fazer as unhas, ir a São Paulo ou chupar picolé de côco. Tudo é claro, no sentido figurado, que tem um sentido mais do que literal pra mim.

Decidi que não entendo pessoas que não têm uma cor preferida e que só sentem a falta das pessoas em seus respectivos ambientes. Afinal, até os daltônicos têm uma cor preferida, mesmo que eles gostem de uma e pensem ser outra.

Resolvi que não me condiciono mais a agir como se não me importasse. Resolvi que, de hoje em diante, sinto exatamente como devo e reajo como me convém. Assim, me machuco menos. Resolvi que não ouço mais as coisas sem revidá-las no tempo certo e não mais imediatamente.

Resolvi que não quero mais conhecer as pessoas a fundo, porque quando elas se mostram o que são, mesmo que não se acredite no que elas dizem, as suas reações podem ser ainda mais inacreditáveis.

No final de tantas resoluções, as nuvens no céu já não mais estavam lá. Só um passarinho sozinho, que parecia voar perdido. E foi incrível como eu me identifiquei com aquele cenário.

sábado, 7 de maio de 2011

Egoísta!

Chega uma hora em que temos mesmo que ser mais egoísta. É aquele momento em que nada, por mais claro que lhe pareça, faz sentido algum. É aquele momento em que se nãos e sabe distinguir as coisas, mas ainda assim é melhor não dividí-las com ninguém e ter um milhão e meio de opiniões.

É aquele momento em que o egoísmo é tão necessário a ponto de você ser capaz e passar por cima de sentimentos que não são seus, e pior, encará-los de frente. É aquele momento em que a sua dor, suas lágrimas e a sua angústia são mais importantes e mais sentidas e se acabam confundidas com aquela alegia alheia que contagia.

É aquele momento em que os sorrisos já não se sustentam, os assuntos acabam, as piadas perdem a graça e a vontade de se comunicar é engolida pela necessidade suprema do silêncio.

É aquele momento em que falar parece mais nocivo do que guardar pra si algo que te consome por dentro. Que supera suas boas sensações. Que deixam transparecer o descontentamento.

É aquele momento em que chorar sozinho te faz um bem mais confortável, mais aconchegante do que estar rodeado de pessoas que te querem bem.

É aquele momento em que você quer acreditar que tudo vai dar certo, mas perceber a sutileza de que, naquele instante, mais faz sentido entender que a confusão e os momentos ruins fazem parte da vida e devem ser sentidos intensamente.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ir além...

Eu escrevo tudo aquilo que penso. Ou quase tudo. Quase porque digo quase tudo o que gostaria. Por isso, escrevo. Insisto em achar que colocando em palavras escritas aquilo que pulsa dentro de mim posso dizer o que não diria a alguém pessoalmente. Em palavras escritas não preciso dizer nada a ninguém. Digo apenas a mim mesma.

Escrevendo passo a entender aquilo que sinto. Escrevendo minhas ideias se iluminam. Escrevendo não preciso explicar os detalhes. Escrevendo vou e volto sem que ninguém note a minha ausência, sem que ninguém me questione.

Escrevendo sou capaz de imaginar aquilo que gostaria ou que não gostaria de fazer, mas não posso. Escrevendo sou capaz de ir além do que eu posso dizer.

domingo, 1 de maio de 2011

Não gostar ou vontade de não gostar?!

Gostar ou não gostar. Ando pensado muito nisso nesses dias. No modo de gostar, na intensidade do gostar, da necessidade do gostar, na evolução do gostar. Por outro lado, do modo do não gostar, na intensidade do não gostar, da necessidade do não gostar, da evolução do não gostar.

Pior do que todos estes tem a vontade do gostar ou não. A vontade de gostar aparece quando as coisas lhe parecem naturais. Perceba. A vontade de gostar surge quando você quer gostar ainda mais, mesmo que não possa, ou que não deveria. A vontade de gostar dá ainda mais frio na barriga do que o gostar em si. A vontade de gostar te prova coisas, te transporta pra um mundo complicado a beça. A vontade de gostar te faz enxergar coisas que talvez possam alimentar dentro de você a vontade de não gostar.

A vontade de não gostar pode ser boa ou ruim, pode ajudar ou atrapalhar. A vontade de não gostar pode ser bem mais verdadeira, e na maior parte das vezes é mesmo, do que a vontade de gostar. A vontade de não gostar te mostra as coisas como elas realmente são, a vontade de não gostar te mostra a essência dos sentimentos, te mostra como seria bom poder dominar suas vontades.

A vontade de não gostar é aquela que elucida, que te sacode, que te aponta as coisas erradas, os passos em falso, a possível mudança do não gostar pro gostar. A vontade de não gostar é uma forma sutil de alerta, é a balança das suas outras vontades.

A vontade de não gostar sinaliza os seus desejos mais iconscientemente conscientes. Direciona sua força, seja para o lado que for. E isso tudo acontece porque simplemesmente porque a vontade de não gostar não é como não gostar realmente.

terça-feira, 22 de março de 2011

Revisistas

É engraçado como quando revisitamos pessoas, lugares, somos capazes de revisitar sentidos, sentimentos, cheiros, sons, memórias, boas ou más lembranças, risos ou lágrimas.

É engraçado como nosso cérebro é capaz de se transformar em tão poderosa máquina do tempo que nos permite viver novamente momentos que, na teoria, não poderiam ser revividos.

É como quando visitamos uma amiga e colégio de muitos, muitos, muitos anos, senta, conversa e ri até chorar revivendo, em detalhes, momentos que, ao mesmo tempo, passaram e são tão presentes. Segundos de gargalhadas te levam a momentos impagáveis.
Assim como segundos de lágrimas, diga-se de passagem.

Se permitindo reviver certas coisas, nasce a oportunidade de ver qualquer situação de fora, como expectador e a fazer, a si mesmo ainda mais feliz.

É como fechar os olhos e lembrar de alguém que já morreu. Pode parecer clichê, mas se você se concentrar bem e bastante será capaz de ouvir a voz dessa pessoa, sua risada, e até mesmo um carinho ou um abraço. O dom que temos que de lembrar de momentos nos permite coisas incríveis!

É como sentir cheiro de infância. Já sentiu cheiro de infância? De lancheira? Cara, cheiro de lancheira é o mais autêntico cheiro de infância que existe. O cheiro de uma lancheira me faz lembrar do gosto do cachorro quente que minha avó me mandava de merendinha.

E lembranças de beijos?! Por mais que você tenha um namorado de anos, um marido, 58 anos de casado, impossível não se lembrar dos beijos que você já beijou. Atrapalhados, inocentes, de tirar o fôlego, carinhosos, apaixonados, memoráveis ou "esquecíveis". Há até a lembrança daquele beijo que você não beijou...mas queria tanto que podia senti-lo mesmo assim.

É como ouvir músicas antigas que pra você parecem recentes como o dia de hoje. A música é capaz de te transportar para exatos segundos passados e te fazer sentir as mesmas coisas de anos, meses ou dia atrás. A música é capaz de acordar sensações, de trazer de volta o gosto bom de um beijo, de uma noite, de uma conversa ou o amargo de uma perda, de uma briga, de uma fossa, de palavras ditas e mal entendidas. Elas podem, pior que isso tudo, te fazer repensar e cogitar até mesmo um arrependimento.

Faça essa experiência. Feche os olhos, escolha um momento e revisite-o. E não opte só pelos bons. Na verdade, dê prioridade para os ruins, talvez isso te ajude a superá-lo, a ver que não foi tão ruim quanto pareceu. Ou, apenas assisti-lo, te mostre que ele já passou. De verdade, pra sempre.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Infinitos lados

Todo mundo tem dois lados. Ou mais. Facetas que podem ser desenvolvidas, pode se nascer com elas ou a necessidade pode criá-las, sem que você as deseje ou que mesmo as autorize surgirem dentro de você. Como diz o clichê, ninguém é totalmente bom ou completamente ruim. Lutamos dia a dia com nossos demônios, tentando encontrar e entender qual seria nosso melhor lado.

Que fique claro que são lados opostos, sempre. Bom e ruim, engraçado e sem graça, bem humorado e mau humorado, feio e bonito, sereno e nervoso. São esses lados que nos fazem seres humanos complexos, interessantes e tão preocupantemente voláteis. Somos criaturas completamente instáveis, sensíveis à ofensas, a cutucadas, a chacoalhões a verdades jogadas na cara.

Somos frutos da criação de um ser perfeito que, certamente tem um propósito para toda essa nossa inconstância, para todas as nossas volatilidades. Somos seres extremamente complexos e aposto que seríamos bem menos interessantes caso fôssemos unilaterais, passivos e estáveis. Seríamos chatos e possivelmente não nos entenderíamos tão bem.

Todos esses nossos lados nascem pra dar vida àquilo que sentimos. E eles nascem aos pares para que possam demonstrar tristeza ou alegria, raiva ou afeto, bom ou mau humor, força ou fraqueza, coragem ou temência, e todos os turbilhões de coisas que sentimos desde o momento em que nos levantamos da cama até o momento em que, exaustos, voltamos pra ela.

O melhor exemplo do nascimento de lados veio com esse terremoto que devastou o Japão. Os japoneses estão fazendo florescer seu lado da força, da coragem, da renovação, do acreditar, do apostar as fichas. Será preciso engolir a seco que o passado não só ficou pra trás como não existe mais, foi dizimado e recuo junto com o mar, foi embora junto com o tremor que durou menos, bem menos do que a construção daquela potência.

Às vezes, é assim que nos sentimos. Obrigados a tirar de lá do fundo o lado da renovação, da coragem pra encarar uma reconstrução...e como é difícil. Às vezes é preciso gritar, berrar, sentir com intensidade, chorar até começar a soluçar, dizer todos os palavrões que se conhece...às vezes é preciso deixar o seu lado tenso se sobressair para que ele não dure muito.

É melhor que ele seja mais intenso, mais vívido, mais colorido do que duradouro. É melhor que ele vá com a mesma rapidez que veio. É melhor que quando ele aparecer, doa de uma vez, como temos que arrancar um pedacinho de esparadrapo. É melhor que ele chegue, se faça presente, cumpra sua missão e só volte em outra ocasião extremamente necessário.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Como peças de Lego...


Seria bom se, como peças de Lego, nós pudéssemos montar e desmontar nossos sentimentos. Se assim pudéssemos escolher as formas, as cores , os tamanhos e as posições daquilo que sentimos.

Seria melhor ainda podermos ordenar nossos sentimentos por necessidades, situações ou vontades. Seria bom ainda se pudéssemos ampliá-los ou diminuí-los conforme o passar do tempo.

Seria melhor ainda se fôssemos capazes de movê-los pra onde o cerébro quer e não pra onde o coração ordenasse...mesmo que fosse lá pro fundinho do peito, naquele cantinho escuro que você nem se lembra que existe.

Seria bom se, como peças de Lego, tivessemos autonomia para pegar uma partezinha de cada tamanho, de cores diferentes, formatos distintos, e pudéssemos montar os sentimentos ideais.

Talvez assim, fôssemos capazes de controlar as emoções, de se desprender do que é preciso, de tirar as peças que não se encaixam como deveriam e trocá-las ou excluí-las quando preciso.

Batendo fora do bumbo...

Nos esforçamos o tempo todo para nos encaixar em tantos padrões, para corresponder a tantas expectativas e para sermos considerados normais. Estamos o tempo todo nos julgando e acreditando que não somos bons o bastante diante de outras pessoas...pessoas qu, às vezes, nem mesmo conhecemos. Achamos o tempo todo que poderíamos ser iguais à pessoas totalmente diferentes da gente.

Mesmo se tratando de padrões de autores desconhecidos, os tratamos como verdades únicas, como caminhos certos a seguir, dignos de nossa preocupação e encanação caso tenhamos vontade de tomar uma decisão diferente. Cara, isso não vale a pena...na moral.

Ser aquilo que se chama de normal é praquele que não busca, que não vê além, que não admite a possibilidade de um caminho alternativo...e tantas vezes melhor, mais bonito e é claro...bem mais difícil. Também não dá pra ser sopa no mel, né?!

Temos que estar o todo perdidamente apaixonados ou então sofrendo por amores perdidos ou não correspondidos. Temos que sentir o coração bater pelos delícias ou segurá-los quando ninguém acha aquela pessoa digna de um tremor nas pernas ou das mãos suando. Temos que assistir Big Brother e torcer pelo legalzão com cara de dó, temos que torcer pro vilão morrer ou ir pra uma cadeia bem porca na novela das oito...e temos que comer comida orgânica e integral, além de se filiar ao Greenpeace ou ao SOS Mata Atlântica. E temos que ser, obrigatoriamente, magros e ter o cabelo lindo ao acordar.

Quer saber, eu não gosto de comida orgânica, pareço um poodle depois da II Guerra Mundial quando acordo, não estou todos os dias perdidamente apaixonada e nem sofrendo por amor, e não quero ser alternativa pra parecer cool e bacanona! Pronto, falei. Temos medo de sermos aquilo que sentimos, temos medo de sermos aquilo que gostaríamos de ser.

Experimente a sensação de bater fora do bumbo, pelo menos uma vez. É incrível. Não se importe com classificações, com certo ou errado, saiba entender o que é que te faz bem...o que te faz sentir plenamente como tem vontade.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Não tão fundamental assim...

Hoje andei pensando sobre mudar meu conceito de que conhecer completamente as pessoas é fundamental. Não consigo me decidir se é melhor se deixar surpreender ou ir afundo em alguém pra saber o que esperar e não se machucar, cedo ou tarde. Também me peguei pensando nisso porque acho que uma mesma pessoa pode ter muitas pessoas dentro de si.

Acho que o mais certo, portanto, seria sentirmos as pessoas. Corpo, alma e coração. Sentirmos aquela pessoa de cada dia, aquela pessoa que menos se deixa transparecer. A que menos aparece é sempre a mais verdadeira. Conhecer de verdade é sentir aquela pessoa que te prende sem ao menos te tocar, que te olha a fundo sem mesmo estar próxima de ti, é aquela que sabe que ela está dentro de você, do jeito mais simples, sutil, marcante ao mesmo tempo.

A pessoa de verdade é aquela com quem o tempo passa sem perceber mas que você deseja que o tempo pudesse parar pra você entender e conhecer as outras pessoas que ela pode te mostrar, que pode deixar ser vista. A melhor das pessoas, concluí, é aquela que está entre linhas. A melhor pessoa é aquela que, mesmo que em algum momento te decepcione ou te mostre um lado muito inesperado, vai te surpreender positivamente a qualquer momento.

As decepções são aprendizados, as surpresas também. É preciso que saibamos ler no vazio, ouvir no silêncio e entender, na ausência, que a essência é variável.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

I'm so between the lines...

Tô naqueles dias em que a mente tá cheiona de coisas e que você não consegue ordenar as ideias pra poder escrever. E é difícil começar uma coisa quando não se sabe por onde começa...é como achar ponta de pisca-pisca em época de Natal, sabe? Demora...mas rola. E é daí que sinto que saem as melhores coisas, as palavras mais sinceras, aquelas que saem de onde estão direto pra tela do computador, já que não usamos mais papel.

Sentimentos muito diferentes se misturam dentro de mim, mais na minha cabeça do que no meu coração. Meu coração anda muito bem resolvido. Tô vivendo aquelas fases em que tudo faz sentido pra mim quando se trata disso. Estando bem com isso, você tem meio caminho andado, tem coragem e paixão pra seguir em frente. Um coração em paz te chama para ter uma mente tranquila.

Mas...quem é que consegue ter um coração em paz quando se vive batalhando com a própria mente? Isso é algo que chamo de impossível. Minha mãe sempre me ensinou o poder da mente e o bem ou mal que ela pode lhe fazer. Hoje acredito muito nisso...e agradeço por não ter nenhum pensamento que julgo ruim na minha mente. O que tenho são palavras soltas, pensamentos confusos, decisões já tomadas - e bem tomadas - que eu insisto em repensar.

Tenho medo de começar e de terminar coisas. Sempre fui assim. E essas características pesam na minha cabeça há 25 anos, nunca fui muito objetiva ou até mesmo uma pessoa simples. Se tenho de começar algo tenho medo daquilo que vou encontrar no caminho que devo começar. Se tenho de terminar, repenso as consequências um zilhão de vezes e nunca acharei que estou certa ou que a culpa não é minha.

Hoje, o que mais me aflige, é ter de terminar uma coisa que nem ao menos comecei. Ou comecei, mesmo sem perceber. Não é algo que me dói na carne, que vai me dilacerar o coração dentro do peito e nem me fazer derrubar algumas lágrimas...que, na verdade, já começam a cair. Bom, talvez algumas. É daquelas coisas que te fazem perder o ar e que você sabe que, nesse caso, respirar é mais do que preciso.

Por mais que pareça bobagem e totalmente controlável...acredite...não é. É necessário disciplina, memória curta, pouca atenção aos detalhes, ao que está subentendido. E mais do que isso é preciso que você não tente ouvir, no silêncio, aquilo que você queria que tivesse sido dito.

Costumo escrever quando sinto coisas que julgo só minhas, que posso escrevê-las de um jeito que ninguém entenda. Dessa forma é quando digo tudo aquilo que eu sinto pra mim pra que eu possa olhar de fora, analisar e tentar entender. Acho que quando escrevo é o momento em que saio do meu corpo e assisto minha alma contando os melhores segredos sobre mim. Acho que estou começando a entender o que se passa.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Encontrando as origens!!

Oeeee!! Começamos 2011 e cá estou eu...again!! Eu não os abandono jamais!! Hehehe...Enfim, quero contar uma coisa que tá rolando! Meu ano novo começou de uma forma bem engraçada, voltando ao passado. Mas não, não é nenhum encosto de final de ano, como diria meu amigo/encosto, Sr. Aldo Liidtke.

Todo mundo sabe que eu tenho uma família japonesa, né?! E a tia Márcia [Uehara] tem usado o Facebook pra encontrar familiares, ascendentes dos Uehara pelo mundo todo. Os contatos começaram pela Argentina e o pessoal está animadão. Ela me mostrou uma montão de fotos antigas - muito antigas diga-se de passagem, da década de 20!! - os primos, os tios e todo mundo que ela tem encontrado.

Tia Márcia, minha incentivadora.

Aí, ontem, no regabofe da Tia Vilma, estávamos conversando sobre essa aventura dela atrás de suas origens, resolvi buscar as minhas também! Nossa, aquela conversa toda me animou muito pra saber de onde eu vim, o que faziam meus antepassados, quais são minhas raízes.

Pra quem não sabe, toda minha família paterna é portuguesa. Meus avós - João Mendes Carvalho e Maria Custódia Mendes Carvalho - vieram para o Brasil entre os anos 20 e 30, novos, com os filhos pequenos. Maria José, Maria de Jesus e José Maria. Onde resolveram se fixar, tiveram Carlos Alberto, meu pai. Ou seja, sou daquelas portuguesas autênticas...que tem galo na cozinha, que bota azeite em tudo, adora vinho do porto e bacalhau. Ah, e eu falo beeem baixinho também...quase não se ouve minha voz.

Enfim, esses são os únicos dados que tenho até agora. Mas, mesmo assim ainda estou inspirada no esforço da tia Márcia, da tia Vilma, dos Uehara e tô tentando loclaizar os Mendes Carvalho. Prometo que vou postando aqui o que eu for encontrando. É muito bom estar de volta ao Dessê!!


Esses são os Mendes Carvalho restantes. De Portugal. Do Brasil.